sábado, 26 de março de 2016

Páscoa 2016



 Páscoa 2016





Descrição da imagem para deficientes visuais: várias metades de ovos de chocolate preto, tendo como fundo invólucro dourado com bolinhas douradas num tom mais escuro.



                   Surpresa!


                   Tolo daquele que busca a felicidade dentro dos ovos de Páscoa, no recheio dos bombons, no desfazimento de inenarráveis laços de fitas... Em tese, a balança sobe e a autoestima desce!


                   A felicidade também não está lá fora; ela mora dentro de nós.


                   O doce da vida está nas nossas atitudes e pensamentos; eis o engano açucarado, caramelizado, da cultura da superficialidade. Pobres crianças que entendem, com a ajuda da mídia, que a alegria está numa casa de chocolate e que nela mora o ressurgir. Mélica ilusão! Infeliz Páscoa!


                   Todo homem tem dentro de si uma criança. É ela que tem que ser aflorada em tempos tão conturbados... a esperança há que ser reencontrada... aposte na nova ressurreição, deixando o homem velho morrer e dando oportunidade para esvaziar o sepulcro e construir morada para o novo humano.


                   Desejo que, neste renascer, recobremos o verdadeiro sentido da vida, da felicidade, a fim de que floresça o sentimento da solidariedade para as necessárias mudanças de hábitos. Tantas vezes nos prendemos e perdemos tempo com invólucros sem captar que as nobres causas se esvaem com tantas picuinhas que nos levarão a lugar algum... vaidades... cobiças... cargos... mais do mesmo!


                   Ambiciono para todos um planeta mais acessível, onde as oportunidades sejam mais equânimes. Cobiço sentir o Brasil um gigantesco ovo de Páscoa recheado de saúde, educação, transporte e, é claro, com as necessárias e legais acessibilidades... tudo da melhor qualidade... sem  as amarras do preconceito. Desejo, exageradamente, que os direitos das minorias sejam respeitados naturalmente.


                   Suspiro um Brasil no formato de um ovo aberto e que em seu piso haja a inscrição: respeite os direitos humanos, a democracia e a república. Ai, como é bom ter um coração de criança e fantasiar, sonhar, delirar... Meus olhos cegos enxergam os 3/4 dos brasileiros sem deficiência recepcionando os diferentes de braços abertos. Incluindo, sem falsidade, melhor dizendo, sem cinismo, o outro 1/4 de brasileiros com algum tipo de deficiência. Viva a sincera Páscoa! Mmm! huuum!


                   Feitas as reflexões acima; considerando que ninguém é de ferro; considerando as propriedades cardioprotetoras do chocolate é que, nesta Páscoa reservei uma taça de morangos coberta com calda de chocolate amargo quente. Delícia! Tudo em busca da serotonina...


                   Toda pessoa traz dentro de si uma canção de amor; cante a sua, vibre, viva com os pés no chão!


Deborah Prates.

domingo, 6 de março de 2016

Campanha Acessibilidade Atitudinal - vídeo 08 - Ser Timão e Timoneira

A desigualdade doméstica como reflexão para uma sociedade mais igualitária. Quando homens e mulheres entenderem a casa como um condomínio, na qual todos têm os mesmos direitos e obrigações, as novas gerações aceitarão melhor as diversidades, dentre elas as pessoas com deficiência. Leia mais em:

  







sábado, 5 de março de 2016

Ser Timão e Timoneira



Ser Timão e Timoneira




Descrição da imagem para deficientes visuais: desenho de uma mulher negra, de cabelos curtos e lisos, fazendo com a mão esquerda o sinal de compreendido (mão na testa) e com a mão direita segurando o timão do navio. Ela está de blusa de manga comprida rosa e ao fundo vê-se o mar e um céu alaranjado. Figura que bem ilustra a crônica de Deborah Prates para o mês das mulheres de 2016. 



            As distinções entre gêneros, sem dúvida, começam em casa. Assim, a diferença doméstica é um ponto crucial a ser enfrentado pela sociedade de 2016. Óbvio que as crianças aprendem o perverso patriarcado com seus pais.




            Fico a refletir que as mulheres - as vítimas do machismo - vivem num verdadeiro redemoinho, sem se darem conta desse "não sair do lugar". O exemplo passado pelos pais aos filhos em sucessivas gerações vai dando conta aos pequenos de que as diferenças entre homens e mulheres tem origem em casa.




            Fiz uma rápida pesquisa nas famílias ao meu redor e, sem dificuldade alguma, colhi o triste resultado de que em março de 2016: o pai e a mãe, de comum acordo, dividem os trabalhos domésticos pelo gênero; aos homens incumbem os reparos em geral, o zelo com o carro, e jogar bola com o filho; às mulheres ficam com a limpeza da casa, o preparo dos alimentos, o trato das roupas e o ensino da filha à obediência ao machismo. Comum é ouvir as mães dizerem aos filhos: - Quando seu pai chegar eu vou contar a sua má-criação de hoje! você vai ver só!




            Assim, vamos imortalizando o patriarcado que nos assola desde o início da civilização.




            A história conta que as mulheres sempre estiveram aptas para cuidar do interior da casa, da cria e dos animais, ou seja, da vida privada. Quando muito, tinham o direito de se regozijarem com a música. No contraponto, os homens sempre conduziram a vida da porta para fora, ou melhor, a vida pública. Sempre estiveram na condução das ideias, do pensamento. Urge acelerarmos essa mudança de hábitos com simples exercícios de acessibilidade atitudinal.




            Mulher tem que ser timão e timoneira, pensar por conta própria, assumindo seus erros e acertos. Certo é que só erram aquelas que tiveram a coragem de ousar, de navegar pelos oceanos da vida sem medo de pegar ventos fortes ou tempestades. Não podemos mais ter como verdade tudo quanto mentes conservadoras nos ditaram como certo.




            Necessitamos rever a história para concluir que: a cor rosa tanto pode ser usada por meninas, quanto por meninos, assim como a cor azul deve perder o maldito rótulo comparativo; meninos e meninas podem brincar com caminhõezinhos e com bonecas sem serem taxados disso ou daquilo; a casa é um condomínio, no qual todos que nela habitam têm iguais direitos e obrigações, pelo que mãe e filha, num determinado domingo, também podem ficar "sofazando", enquanto o pai e o filho cuidam do almoço e posterior arrumação da bagunça...




            Nossas cacholas hão que ser nossas bússolas intelectuais. Temos que ter a certeza dos nossos destinos. Isso equivale dizer, pensar com as próprias cabeças. Urgente se faz dizermos NÃO a violência contra os nossos direitos humanos. Necessário impormos, a todo custo, as nossas liberdades em geral, tanto no espaço do lar, quanto nos coletivos. O nosso corpo é só nosso!




Por isso é que sugiro começarmos a combater as desigualdades domésticas. Na medida em que as crianças perceberem que não há diferença entre o pai, homem, e a mãe, mulher, tudo ficará mais fácil.  Os filhos não mais assistirão os pais espancando as mães, nem as humilhando, nem as assassinando. As diversidades serão melhor recepcionadas com a igualdade na casa.




            Com a educação calcada na isonomia as deficiências serão melhor recepcionadas. Eis a importância do movimento feminista na mudança da sociedade.




            Agradeço todos os dias as tantas mulheres de outrora que, muitas vezes, deram as próprias vidas para que hoje pudéssemos questionar a desigualdade econômica-financeira decorrente de gênero. Sem dúvida alguma, estamos avançando.




                        Viva a resistência, o feminismo!



                                      Deborah Prates