Na esperança de que os leitores
ressignifiquem a visão que têm do cão-guia é que transcrevo parte do meu livro
ACESSIBILIDADE ATITUDINAL, editado pela Editora Gramma e lançado pela
OAB-Mulher RJ em 15 de outubro de 2015. Compartilho uma das abordagens que faço
sobre o guia. Por favor, reflitam!
" (...) vira e mexe, os
usuários de guia se veem em apuros diante de uma sociedade preconceituosa em
todos os aspectos.
Divido a perversidade de um
restaurante na cidade do Rio de Janeiro que proibiu uma mulher cega de entrar
no salão de refeições com seu guia. O caso rendeu uma bela reportagem num
conceituado tabloide. Talvez, por não ser advogada, a deficiente não tenha tido
argumentos para reverter a situação de plano.
Tempos depois, com uma emissora
de televisão camuflada, fui ao mesmo estabelecimento e entrei naturalmente sem
dar confiança ao porteiro. Fui recepcionada pela proprietária e solicitei-lhe
um bom local para que o guia não fosse incomodado.
Acomodados, então, contei à
senhora sobre a Convenção de Nova Iorque, bem como das normas relativas ao
guia. Fui retrucada sob o fundamento de que os clientes entendiam como
anti-higiênico um cachorro no local de refeições.
Imediatamente, solicitei à minha
amiga (repórter disfarçada) que passasse os olhos sobre as mesas e verificasse
a presença de aparelhos celulares. A rápida pesquisa trouxe um resultado de
cinco. Destarte, desfiz o equívoco com a argumentação: um aparelho celular
sobre a mesa junto com utensílios e alimentos, aliado ao nojento detalhe dos usuários
falarem nele e pegarem, em seguida, no pão do couvert é que caracterizaria
total falta de discernimento e asseio. Isto porque os celulares vão ao vaso
sanitário ou são deixados sobre cestos de lixos públicos.
Ponderei que pesquisas confiáveis
já constataram ser o celular ótimo meio de transporte para bactérias dos tipos:
Pseudomonas, que podem causar infecções oculares; Staphylococcus aureus, que
podem provocar infecções cutâneas; Salmonella, que podem provocar diarreia, dor
abdominal e febre; coliformes fecais e outras.
Concluí o discurso dizendo que o
celular é um dos objetos mais sujos de uso cotidiano, perdendo apenas para o
carrinho de supermercado e para o teclado de computador; sua sujeira é
semelhante à encontrada na sola do sapato, segundo o Doutor Bactéria. Por duas
vezes disse-lhe que Jimmy Prates (meu cão-guia) fica debaixo da mesa,
juntamente com os sapatos!
O exemplo descrito serve para
mostrar que as pessoas falam demais, sem se darem conta das besteiras que
repetem sem pensar. Ora, incoerente é o homem colocar o sapato/celular sobre a
mesa e implicar com o cão que fica no chão! Prova de que urge mudar os nossos
comportamentos, reciclar conceitos e preconceitos com base na ética. Atitude!
Por que as leis no Brasil não são
cumpridas? Resposta: porque inexiste conscientização da sociedade para os seus
nobres objetivos!
Para que as leis
"peguem", mister se faz educar, preparar a população para entendê-las
e recepcioná-las. A quem interessa educar o povo?"
Assim, no 10º aniversário do meu
pessocão - Jimmy Prates - que vem me cobrindo de solidariedade é que divido
essa alegria com todos.
Quer saber mais sobre o uso do
cão-guia? Então, clique em:
http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/2012/04/pessoa-cega-dia-do-cao-guia.html
Grata. Carinhosamente. Deborah Prates.