Deborah Prates: Penso que os direitos fundamentais das mulheres
têm que ser efetivados pelo poder público. Como feminista e mulher com
deficiência, luto pelas transformações sociais para todos. Convido a todos para
se envolverem nessa contundente campanha da Anis que, de uma fora ou de outra,
afeta a todos no planeta, em especial os brasileiros. Peço a reflexão de todos
para que os diálogos possam acontecer.
Página da Anis - Instituto de Bioética
"Na crise de saúde pública do vírus zika, falamos muito do
mosquito, mas ouvimos pouco as mulheres. Se desenvolver estratégias para
eliminar o Aedes aegypti ou para encontrar vacina
para o zika são importantes, cuidar das mulheres já afetadas pela epidemia e
das crianças nascidas com a síndrome congênita é urgente. São mulheres em idade
reprodutiva que temem a epidemia de efeitos devastadores e ainda pouco
compreendidos, desamparadas pelo baixo acesso a políticas de planejamento
familiar e contraceptivos. São mulheres grávidas que sofrem com as incertezas
dos efeitos do vírus, sem direito à possibilidade de escolher se querem ou não
prosseguir com a gestação. São mulheres mães que enfrentam sozinhas o desafio
de cuidar de seus filhos afetados por uma síndrome que a ciência ainda não sabe
explicar que futuro terá. O Estado brasileiro se esquece, mas são as mulheres
que devem ser ouvidas quando o assunto é zika: as mulheres da epidemia.
Deborah Prates é advogada e cega, e em sua incansável militância
pela defesa dos direitos das mulheres e das pessoas com deficiência, não deixa
de refletir e se pronunciar sobre as proteções devidas diante da epidemia do
vírus zika. Ela sustenta que não há incompatibilidade entre a proteção aos
direitos reprodutivos das mulheres e a proteção às crianças com deficiência:
"Para mim, são dois assuntos absolutamente distintos. O primeiro diz
respeito à união das mulheres para usufruírem, para terem resguardados e
efetivados o seu direito fundamental à liberdade, ao seu próprio corpo. O
segundo é o cumprimento da legislação das PCDs (pessoas com deficiência), leis
que nunca foram cumpridas. Inclusive, por incrível que pareça, pelo Supremo
Tribunal Federal". Confira:"
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