Ser Timão e Timoneira
Descrição da imagem para deficientes visuais: desenho de uma mulher negra, de cabelos curtos e lisos, fazendo com a mão esquerda o sinal de compreendido (mão na testa) e com a mão direita segurando o timão do navio. Ela está de blusa de manga comprida rosa e ao fundo vê-se o mar e um céu alaranjado. Figura que bem ilustra a crônica de Deborah Prates para o mês das mulheres de 2016.
As distinções entre gêneros, sem
dúvida, começam em casa. Assim, a diferença doméstica é um ponto crucial a ser
enfrentado pela sociedade de 2016. Óbvio que as crianças aprendem o perverso
patriarcado com seus pais.
Fico a refletir que as mulheres - as
vítimas do machismo - vivem num verdadeiro redemoinho, sem se darem conta desse
"não sair do lugar". O exemplo passado pelos pais aos filhos em
sucessivas gerações vai dando conta aos pequenos de que as diferenças entre
homens e mulheres tem origem em casa.
Fiz uma rápida pesquisa nas famílias
ao meu redor e, sem dificuldade alguma, colhi o triste resultado de que em
março de 2016: o pai e a mãe, de comum acordo, dividem os trabalhos domésticos
pelo gênero; aos homens incumbem os reparos em geral, o zelo com o carro, e
jogar bola com o filho; às mulheres ficam com a limpeza da casa, o preparo dos
alimentos, o trato das roupas e o ensino da filha à obediência ao machismo.
Comum é ouvir as mães dizerem aos filhos: - Quando seu pai chegar eu vou contar
a sua má-criação de hoje! você vai ver só!
Assim, vamos imortalizando o
patriarcado que nos assola desde o início da civilização.
A história conta que as mulheres
sempre estiveram aptas para cuidar do interior da casa, da cria e dos animais,
ou seja, da vida privada. Quando muito, tinham o direito de se regozijarem com
a música. No contraponto, os homens sempre conduziram a vida da porta para
fora, ou melhor, a vida pública. Sempre estiveram na condução das ideias, do
pensamento. Urge acelerarmos essa mudança de hábitos com simples exercícios de
acessibilidade atitudinal.
Mulher tem que ser timão e
timoneira, pensar por conta própria, assumindo seus erros e acertos. Certo é
que só erram aquelas que tiveram a coragem de ousar, de navegar pelos oceanos
da vida sem medo de pegar ventos fortes ou tempestades. Não podemos mais ter
como verdade tudo quanto mentes conservadoras nos ditaram como certo.
Necessitamos rever a história para
concluir que: a cor rosa tanto pode ser usada por meninas, quanto por meninos,
assim como a cor azul deve perder o maldito rótulo comparativo; meninos e
meninas podem brincar com caminhõezinhos e com bonecas sem serem taxados disso
ou daquilo; a casa é um condomínio, no qual todos que nela habitam têm iguais
direitos e obrigações, pelo que mãe e filha, num determinado domingo, também
podem ficar "sofazando", enquanto o pai e o filho cuidam do almoço e
posterior arrumação da bagunça...
Nossas cacholas hão que ser nossas
bússolas intelectuais. Temos que ter a certeza dos nossos destinos. Isso
equivale dizer, pensar com as próprias cabeças. Urgente se faz dizermos NÃO a
violência contra os nossos direitos humanos. Necessário impormos, a todo custo,
as nossas liberdades em geral, tanto no espaço do lar, quanto nos coletivos. O
nosso corpo é só nosso!
Por
isso é que sugiro começarmos a combater as desigualdades domésticas. Na medida
em que as crianças perceberem que não há diferença entre o pai, homem, e a mãe,
mulher, tudo ficará mais fácil. Os
filhos não mais assistirão os pais espancando as mães, nem as humilhando, nem
as assassinando. As diversidades serão melhor recepcionadas com a igualdade na
casa.
Com a educação calcada na isonomia
as deficiências serão melhor recepcionadas. Eis a importância do movimento
feminista na mudança da sociedade.
Agradeço todos os dias as tantas
mulheres de outrora que, muitas vezes, deram as próprias vidas para que hoje
pudéssemos questionar a desigualdade econômica-financeira decorrente de gênero.
Sem dúvida alguma, estamos avançando.
Viva a resistência, o
feminismo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário