segunda-feira, 28 de setembro de 2015

I Congresso Cearense dos Direitos das Pessoas com Defiociência

Dividindo a honra e a alegria de ter integrado o rol de palestrantes no I Congresso Cearense dos Direitos das Pessoas com Deficiência, realizado em Fortaleza nos dias 24 e 25 de setembro de 2015.


O tema da minha palestra foi: "Acessibilidade Atitudinal, Ética e Solidariedade". Parabenizo a OAB Fortaleza, em especial o presidente da OAB Ceará Dr. Valdetário Andrade Monteiro e a presidente da CDPD Ceará Dra. Liduína Carneiro.



O evento foi um sucesso e os fortalezenses foram maravilhosos na acolhida que nos deram!























segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Conscientização da luta das pessoas com deficiência dia 21/09/2015

CONSCIENTIZAÇÃO DA LUTA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DIA 21 DE SETEMBRO DE 2015


Bastante distante de afirmar que a sociedade vem plenamente cumprindo a legislação relativa à pessoa com deficiência, tenho que afirmar que a experiência que vivi no dia 20 de setembro na Cidade do Rock serve para demonstrar que o Rock in Rio melhorou, em muito, o tratamento dispensado a esse seguimento representativo de 24% da população brasileira.

A edição 2013 do Rock in Rio deu um tratamento vil, desumano, aos deficientes, conforme bem provou o relatório detalhado apresentado pela CDHAJ RJ ao término daquele evento. As fotografias acostadas registram a invisibilidade das pessoas com deficiência por parte dos organizadores.
Para essa edição - 30 ANOS - os empresários melhoraram o hostil tratamento. Como militante assídua fiz algumas palestras com o foco na ACESSIBILIDADE ATITUDINAL para o voluntariado que trabalharia na edição 2015 e o que presenciei na noite de ontem deu-me a esperança de que a insistência na mudança das más atitudes é, sem dúvida, o caminho certo para um Brasil mais igualitário em oportunidades para todos.

O espaço destinado às pessoas com deficiência em 2015 estava infinitamente superior ao vistoriado em 2013. Sem comparação! As fendas, rachaduras, no piso não mais estavam presentes; os parapeitos de segurança estavam bem fixados, valendo dizer que não balançavam; os corrimãos que ladeavam o local estavam satisfatórios; as cadeiras disponíveis para todos os que necessitavam de tratamento diferenciado eram bem confortáveis; a rampa inicial estava dentro dos padrões e tantas mais legais mudanças foram concretizadas.

O gigantesco diferencial, segundo a minha visão, residiu na CONSCIENTIZAÇÃO desse voluntariado presente nessa edição 2015. Eu, por ilustração, fui maravilhosamente bem tratada desde a minha chegada. Respeito é bom e eu gosto!

Ah, que delícia ser recepcionada como ser humano em sua plenitude! Desde a catraca inicial a forma de tratamento a nós dispensado foi digna, rápida e eficaz. Logo fui questionada se gostaria de receber a pulseira diferenciada para as pessoas com necessidades especiais (deficientes, idosos, obesos, grávidas, limitações físicas temporárias...). A minha resposta foi que SIM. Daí, a minha acompanhante e eu não tivemos mais quaisquer contratempos quanto ao tratamento legal e humano. Fui abordada e tratada com decência e legalidade.

Como me diverti nos brinquedos em geral. Pude participar de TODOS mesmo! Só não brinquei nos espaços que não quis. Que delícia a pessoa cega sentir as emoções provocadas pela montanha russa... o vento na cara; o frio na barriga; os gritos decorrentes da experiência... que bom nos sentirmos humanos novamente!!!

PARABÉNS aos voluntários e organizadores nesse importante quesito! Todo esse diferencial já poderia ter vindo em tantas edições passadas... Mas penamos tanto até chegarmos a esse singelo ponto da evolução! Porquê???

Todavia, na história nem tudo é humanamente belo. No banheiro especial, por exemplo, a rosca/abridor das torneiras continuavam a ser de rosca! Inacreditável verificar que o que estava escancarado no relatório apresentado pela CDHAJ RJ não fora atendido. Logo na saída de um desses locais recebi a descrição de que estaria pronta para entrar uma mulher que não tinha uma das mãos e a outra estava comprometida visivelmente. Um passo para frente e dois para trás. São essas mudanças simples e que fazem total diferença que deixa-nos exaustos de lutar.
Para quem me lê e não tem conhecimento no assunto pode parecer banal, hein? Mas, longe disso! Uma torneira de alavanca ou com sensor daria um tratamento humano às pessoas com as peculiaridades que destaquei.

Precisamos conscientizar a coletividade quanto a necessidade do cumprimento do DESENHO UNIVERSAL consagrado na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Bem, as fotografias que fizemos dão conta de que algo mudou para melhor.

Convido os amigos a curtirem as novas emoções.
Tenho a esperança de que nas próximas edições, às duras penas, as situações descritas sejam corrigidas. Certo é que crescemos todos os dias e nunca ficamos prontos... A vida é complexa!

O Rock in Rio é mágico. As sensações vividas por lá são inenarráveis em questão de boas energias. Que maravilha estar incluída nessas emoções! Que linda fora a noite de 20 de setembro de 2015!! Agradeço a minha filhota por ter me presenteado com o ingresso. Senti-me tão feliz...


















sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Sou a primeira pessoa com deficiência a ocupar uma cadeira no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

Quanta alegria senti no dia 09/09/2015, quando tomei posse como membro efetivo do importante Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Que acolhida maravilhosa me fora ofertada por todos.


Quero enfatizar a solidariedade, amizade e carinho que a minha madrinha, quem seja a Dra. Margarida Pressburger, me proporcionou conduzindo-me a este seleto rol de juristas brasileiros. A Dra. Margarida é mulher exemplar em todos os sentidos, pelo que quero estampar a ela os meus sinceros agradecimentos por ter acreditado em mim.


Agradeço também a todas e a todos que compareceram nesse momento tão importante para mim!



Deborah Prates fazendo o juramento de compromisso.




Presidente do IAB, Dr. Técio Lins e Silva e Deborah Prates.




Dra. Margarida Pressburger




Deborah Prates fazendo seu discurso de posse.




Deborah Prates e amiga de longos anos Dra. Anadina França. 




Deborah Prates e Dra. Amanda Motta, da comissão OAB MULHER. 




Amigos representantes da Igreja Católica: Professor César, Diácono Ba e Dora.





Amigos: Gabriella Rangel (mãe), Professor Bernardo Kocher, Tula Maria (integrante da Secretaria das Comissões da OAB/RJ), Gabriella Rangel (filha), Deborah Prates, Dra. Margarida Pressburger e Dra. Anadina França.




Deborah Prates, Fábio Seixas Guimarães e madrinha Margarida Pressburger.




Deborah Prates e Presidente do IAB, Dr. Técio Lins e Silva

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Acessibilidade Atitudinal sob o foco da igualdade de gênero

ACESSIBILIDADE ATITUDINAL SOB O FOCO DA IGUALDADE DE GÊNERO 



Descrição da foto: primeira mesa de palestras do evento da OAB MULHER RJ, sendo Deborah Prates a primeira da direita para a esquerda. 


            Na incansável militância para provar que as acessibilidades interessam a toda sociedade e não apenas às pessoas com deficiência foi que tive a honra de integrar, como palestrante, o I Forum da Comissão OAB-Mulher ocorrido no dia 25/8.


            O meu tema foi: ACESSIBILIDADE ATITUDINAL SOB O FOCO DA IGUALDADE DE GÊNERO. Persisto ser a atitudinal a principal das acessibilidades, já que representa a chave para um Brasil mais igualitário em oportunidades para todos. A OAB RJ recebeu, com sucesso, homens e mulheres ávidos para discutir esse crucial tema da igualdade de gênero, sendo a minha palestra um ponto de interrogação. Pairava no ar: o que a acessibilidade tem a ver com igualdade entre homens e mulheres?


            Iniciei cumprimentando os presentes primeiro fora do microfone e, seguidamente, usando o mesmo. Elucidei que os cegos têm que se sentir incluídos e não apenas integrados. Disse que eu vejo com os ouvidos, pelo que materializo o humano pela direção da sua voz. Então, acho um desrespeito o cego ficar olhando para as caixas de som, as quais sempre estão na direção oposta da real localização de quem fala.


            Claro que levei um intérprete de LIBRAS para que as pessoas surdas ou com deficiência auditiva, também estivessem incluídas. Respeito é bom e nós o exigimos!


                        Lamentavelmente a sociedade não tem consciência da igualdade de oportunidades aos diferentes. Desconhecem a necessidade da audiodescrição para os humanos cegos, com baixa visão, com deficiência intelectual, autistas, disléxicos, com síndrome de Down e idosos.


            Por esse torpor mental é que precisam praticar diariamente exercícios de atitudinal, a fim de mudar os maus hábitos em geral.


            Continuei comandando a ginástica cerebral afirmando serem as mulheres - por questões culturais - mais presentes na educação dos pequenos, razão porque precisam ser PROATIVAS. Desenvolvendo essa característica sei que terão muito mais iniciativas e responsabilidade na formação de personalidades éticas. Nesse caso o treinamento é refletir sobre a pergunta: que planeta deixaremos para os nossos filhos?


            Penso que a resposta esteja em outra pergunta: que tipo de filhos deixaremos para o planeta? Certo é que a pior cegueira é a voluntária, opcional. Pesquisas dão conta de que em 2015 as mulheres estão com o nível de escolaridade maior do que os homens. Logo, têm a capacidade de pensar formas antecipadas de prefinir e solucionar os conflitos de igualdade de gênero. A genialidade e inteligência das mulheres contemporâneas, certamente, conseguirá propiciar o desejado bem-estar no presente, bem como garantir a felicidade para as gerações futuras. Eis o princípio do humano sustentável!


            Para desconstruir essa sociedade machista que nos assola, mister se faz mostrar que somos biologicamente diferentes, porém iguais em direitos e obrigações, de maneira que temos que ter, por ilustração, igual remuneração sempre que exercermos o mesmo trabalho que o homem.


            Inconcebível dentro dos nossos lares continuarmos regando, cultivando, as velhas tradições, ou melhor, os tantos preconceitos que nos foram sendo transmitidos por pais, professores, livros, etc, acerca do mito da submissão da mulher em um global contexto.


            Os filhos do século XXI ainda são criados na cultura de que são as mulheres frágeis sob a ótica do ser físico, quanto do ser emocional e do econômico. Assim, a conclusão errônea é a de que as mulheres ainda hão que ser tuteladas pelos homens.


            É nesse histórico preconceito que as mulheres ainda permitem que em suas casas os trabalhos domésticos sejam divididos entre os típicos dos homens e os típicos das mulheres. Isto significa que as mães e filhas estão obrigadas a fazer a comida e cuidar dos afazeres do lar, enquanto que os maridos e filhos estão vinculados aos afazeres com o carro, os intelectuais e os de reparos gerais relativos à casa.


            Esses códigos de condutas têm que ser desconstruídos pela sociedade, sendo o começo em cada lar. Simples assim! Os pais hão que dar o exemplo para os filhos, pelo que nunca mais as crianças ouvirão as horríveis máximas: rosa é cor das mulheres e o azul é dos homens; meninos brincam com bolas e carros e as meninas com bonecas, panelinhas e vassouras. Não mais. Doravante o pai, se quiser, usa camisa rosa e não se incomoda se o filho preferir brincar com a boneca da irmã e, por seu turno, se esta preferir o caminhãozinho do irmão.


            Na família hodierna a mulher faz também pequenos reparos, na medida em que o homem prepara o almoço do domingo. Vale dizer que a palavra mágica da hora é participação e, não mais ajuda. Homens e mulheres são corresponsáveis na condução familiar.


            No momento em que as crianças perceberem que em casa a mãe e o pai são iguais em direitos e deveres, ficará mais fácil a aceitação dos diferentes. Assim, com a igualdade de gênero cultivada em casa, por ilustração, um conceituado e tradicional colégio religioso no Rio de Janeiro irá cerrar as suas portas. Isto porque cultiva o sexismo, valendo dizer que só os meninos podem ser matriculados. E o preconceito não para por aí! Esse dito estabelecimento de ensino não tem qualquer acessibilidade, pelo que não aceita meninos cegos! Tive a oportunidade de telefonar para a secretaria para falar sobre o edital de 2016, quando a atendente Alessandra disse que: - Esse colégio não aceita meninos com deficiência por não ter adequações para tanto. Absurdo, hein?


            Então, com simples atitudes praticadas em casa tudo poderá ser diferente. Depende muito de nós querermos desconstruir tudo quanto não pensamos para aceitar. Temos que quebrar as regras estabelecidas e desafiar aqueles que insistem em nos hostilizar, nos discriminar!


            Exercitando a atitudinal teremos a oportunidade de reciclar os cruéis preconceitos, rever inadequados conceitos e, desse modo, fazer as pazes com a ética na formação de pessoas solidárias. Daí teremos professores, médicos, gestores, engenheiros e tantos mais profissionais solidários que saberão bem recepcionar as pessoas com deficiência. Hidrantes sobre rampas, bancas de jornal sobre pisos táteis, Processo Judicial Eletrônico (PJe) fora do W3C...Nunca mais! Repito: simples assim!



            Encerro esta crônica aduzindo que o simples não é o simplório. Convido o leitor a refletir sobre um pensamento do genial Leonardo da Vinci: "A simplicidade é o último grau da sofisticação".


** Parabéns a toda OAB MULHER RJ pela realização do evento, em especial a presidenta Rosa Maria Fonseca, que acreditou no projeto.