quarta-feira, 21 de maio de 2014

Navegando no seco

 NAVEGANDO NO SECO






Descrição da imagem para DV's: Em evidência o chão marrom e rachado da represa de Jaguari,.em São Paulo. No fundo da foto vê-se as gigantes paredes que compõe a represa, como também alguma vegetação ao redor.  



        A falta de esperança é sinônimo de insegurança, medo, frustração... aonde está o norte?


        Liguei a TV e meus ouvidos viram uma notícia sobre o HIDROANEL METROPOLITANO DE SÃO PAULO. O cara falava sobre mobilidade urbana. Em especial, para a pessoa com deficiência, o tema sempre atrai, pelo que redobrei minha atenção.


        Para este fim, entendo, modestamente, como mobilidade urbana a possibilidade ou mestria que têm os munícipes de deslocamento no espaço urbano para a realização das atividades cotidianas em tempo satisfatório/confortável e seguro. As cidades têm sido administradas pelos e-gestores que, de seus computadores e em ambientes deliciosos, esboçam suas ordens para que os comandados, de modo ineficaz, deem, por ilustração, Concessão de Uso para que banca de jornal acabe em quinas ou termine em escadas que chegam a lugar algum; hidrômetros sejam instalados sobre rampas; vagas para deficientes marcadas em cantos sem saída impedindo o trânsito de cadeiras de rodas, muletas... Por estas poucas e comuns narrativas fica cristalino que pessoas com deficiência são fictícias, invisíveis, alienígenas! Se o comandante não sabe que erra, como corrigir a rota do navio?!


        Amigos leitores, tenho ou não razão em insistir que só poderiam tomar posse em cargos públicos aqueles que soubessem lidar com os seres humanos, que conhecessem as diversidades? ATITUDINAL JÁ! (http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/2014/05/e-humano.html)


       Tratava-se de projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, do Grupo Metrópole Fluvial, que consistia numa rede de vias navegáveis composta pelos rios Tietê e Pinheiros, represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando essas represas, totalizando 170km de hidrovias urbanas. O desenvolvimento urbano sustentável seria o troféu.


        Os rios urbanos transformariam-se em vias para transporte de cargas e passageiros, uso turístico e de lazer e muito mais que o paulistano pudesse sonhar. As justificativas eram maravilhosas, como, por exemplo, o acesso universal à cidade e o bem-estar social. Nossa, achei a ideia; dos deuses; que máximo!


        Meus neurônios congelaram. Dei um travão na viagem. Algo havia de errado nas informações. Não fazia muito que havia lido que, pela falta de investimento do governo na ampliação de mananciais em SP, a população sofreria com o esvaziamento das águas na Cantareira, no Alto Tietê... Até a água do fundo das represas, abaixo do nível de captação das comportas, seriam usadas para melhorar o abastecimento. A mídia noticiou que para esse cruel tapa-buraco o governo gastou cerca de R$ 80 milhões para construir canais e instalar bombas.


        E chegou o grande dia da "inauguração" do VOLUME MORTO! Como a história se repete é que vale lembrar aqui o imperador romano Otávio Augusto, que criou a política do pão e circo. O ditador continha a revolta da multidão oferecendo alimento e muita diversão. Atualizando, os "e-gestores" paulistas fizeram, inacreditavelmente, festa para a nova edição do VOLUME MORTO! Certo é que o povo fechou o sorriso quando constatou que a água não chegara nas torneiras... e a brincadeira acabara bem perto do outubro eleitoral!!!


        Pois é, mas retornando ao sonho da mobilidade urbana traduzido pelo lindo projeto da USP, para o qual os administradores injetaram recursos dos cofres públicos, é que parei para pensar no tremendo contrassenso: como gastar em espetaculares projetos para transformar os rios urbanos em vias para transporte de cargas e passageiros, quando a água está morrendo/secando? Julgo que seria mais coerente se os paulistanos brigassem para que os recursos fossem alocados para a ampliação dos mananciais, o que não acontece há uns 30 anos. Daí é que a coletividade de São Paulo vai sonhando e navegando no seco... e o dinheiro indo comportas abaixo...


        A Copa já chegou e, com ela, o circo de Otávio e o futebol! Li que o legado que este planetário evento deixará para o povo será, tão-só, de uns 20%; quer dizer: um LEGADINHO! E a desesperança toma conta da sociedade, em especial, das pessoas com deficiência. Antes sofríamos com a total falta de acessibilidade de todo gênero; depois com os canteiros das inacabadas obras e, pela previsão dos especialistas, permaneceremos no profundo inferno astral... tudo igual... para as pessoas sem deficiência 20%... para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida restarão as mesmas promessas... mais do mesmo. E vamos entoando a canção interpretada por Zeca Pagodinho: "Deixa a vida me levar... vida leva eu... sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu..."


        A falta de água em São Paulo não pode ser atribuída à ausência de chuvas nos últimos tempos, assim como os deficientes NÃO podem se conformar com a falta da acessibilidade amparada na absoluta desumanidade dos "e-gestores". Indubitavelmente é a SOLIDARIEDADE o sentimento que nos faz HUMANOS. Os valores e princípios norteadores da ética hão que voltar à moda. Hei de realizar o sonho de ver incluído nos currículos dos cursos universitários a disciplina: o estudo da solidariedade. Somente desse modo retiraremos as pedras que repousam sobre as sementes, que não germinam por falta de OPORTUNIDADE. Precisamos todos da oportunidade da felicidade.


        O lema do imperador Augusto está se repetindo em 2014. A Copa está nos entorpecendo/anestesiando. A população está se esquecendo dos problemas do viver diário. A história nos dá conta de que os argumentos de Otávio Augusto se repetem: divertidos e bem alimentados, não teriam por que reclamar. Pão e circo... água do volume morto... Até quando os deficientes suportarão?


        O leitor me perguntará: qual a solução? Respondo sem medo de ser prazenteira: a UNIÃO. Que tal se juntássemos todos os humanos que integram os grupos sociais vulneráveis? O IBGE diz que os negros são mais de 52% da população; que os deficientes são mais de 24%...idosos... índios... crianças/adolescentes...mulheres... Certo é que o enlace de todos os que precisam das ações afirmativas/positivas para terem resguardados os seus direitos constitucionais - DIREITOS HUMANOS - daria um novo tom nas regras sociais. Que moral é essa que está ditando a tendência e a moda dos saques, dos linchamentos, dos quebra-quebras... Qual será a fantasia do próximo Carnaval?



DEBORAH PRATES

domingo, 18 de maio de 2014

E-HUMANO

E-HUMANO




Descrição da foto para DV's: Em fundo branco, uma coroa de flores brancas, vermelhas e rosas, repleto de folhas verdes ao redor, está sustentada por um tripé preto. Atado a parte de cima da coroa, um laço grande de fita branco. Eis uma singela homenagem que Deborah Prates faz à memória do pequeno Matheus Henrique Albuquerque Lacerda.



                        Faz algum tempo que escrevi a crônica: TECNUMANO, na qual, com meus olhos cegos, reproduzo o avesso do homem. Um inverso mal-acabado, esfiapado... interior sombrio onde o ter se sobrepôs ao SER. Xô cultura da superficialidade, da obsolescência! (http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/2013/02/tecnumano.html)


                        Tracei, então, um paralelo com as imagens inseridas no certificado que recebi pela palestra sobre ACESSIBILIDADE ATITUDINAL, ocorrida no dia 6/5/2014, na Universidade Federal de Pernambuco. O importante documento faz solidária homenagem a memória do pequeno "MATHEUS HENRIQUE ALBUQUERQUE LACERDA", que, por desapreço do governo do Estado de Pernambuco veio a falecer.


                        Matheus sofria de trombofilia e Pernambuco negligenciou quanto a entrega do medicamento necessário à sua sobrevivência, caracterizando omissão administrativa quanto ao direito fundamental à saúde. Decorrido o óbito os e-gestores tentaram explicar a covardia perpetrada contra a criança de cerca de um ano de idade; como se coubesse relativizar a vida!


                        É isso, Pernambuco negou caráter absoluto à vida de Matheus, considerando-a de valor apenas relativo. O e-humano e/ou e-gestor cuida dos cidadãos de maneira virtual; num clique faz a pergunta ao PC e, noutro clique tem a resposta robótica. Nítido que no HD daqueles que administram só estão registrados os verbos: ver, ter, comprar e, em vezes remotas, trabalhar.


                        Na minha exposição sobre acessibilidade atitudinal tive a oportunidade de descrever a gigantesca distância entre DIREITO e JUSTIÇA. A atitudinal, por estar intrinsecamente ligada a solidariedade - sentimento que nos faz humanos - é a saída para um Brasil mais justo e igualitário. O e-gestor da hora está ligado nas regras sociais que dão as ordens para a coletividade - formada por androides - valendo dizer à moral. Daí, faleceu Matheus... sua família... alguns outros seres pensantes indignados.


                        As escolas/universidades nos entubam regras enlatadas; o saber na modalidade de pássaros engaiolados. De forma mecânica nosso hard disk armazena a informação a ser utilizada num clique, sem critérios humanos. Julgo que o remédio está na ÉTICA, melhor dizendo, na reformulação dos nossos valores e princípios. Só assim chegaremos perto da JUSTIÇA.


                        Brilhantes engenheiros e arquitetos permitem que ciclovias sejam sobrepostas em pisos táteis, sobre rampas...; que corrimãos iniciem lá pelo 3º degrau de longa escada, ou que nem existam... Basta dar um giro nas metrópoles para constatar as atrocidades praticadas por humanos em oposição aos seus semelhantes. Absoluta ignorância/desconhecimento das diversidades. Por tantos enganos é que precisamos desvincular o verbete acessibilidade das pessoas com deficiência. Efetivamente, uma cidade acessível é para TODOS!


                        Dividi com os solidários recifenses um convite estranho que recebi faz alguns anos, traduzido na minha participação na festa da pipoca. Você já ouviu contar? É assim: o dono da casa enche um baldão de pipoca e distribui entre os convidados para que atirem uns nos outros; uma guerra de pipocas.


                        Claro que minha resposta foi NÃO, NÃO, NÃO! Justifiquei que no planeta a cada 3 minutos um humano morre de fome; que não fazia muito que a mídia havia mostrado, após um tsunami, mães confeccionando/moldando barro em formato de biscoitos para, de forma lúdica, enganar a fome de suas crianças; que num Brasil continental, onde a comiga não chega equitativamente em todos os pratos... de maneira que jamais poderia concordar com o desperdício de alimentos/comida. Então, ouvi:


                        - Como você é careta, o o dinheiro é meu e faço dele o que eu quiser! Não estou roubando...


                        Pois é, resposta bem dentro da moral hodierna, onde o ter se sobrepõe ao ser. É a cultura do: eu posso; o meu dinheiro paga... Insolentes criaturas... grosseiras, malcriadas, desrespeitosas. Os e-gestores ou, se preferirem, e-humanos, são os filhos das guerras de pipocas; crianças que foram "educadas" sem ética, sem valores, sem princípios norteadores da magia da solidariedade. A criança de ontem é o gestor de hoje! Dinheiro nenhum nesse mundão compra a minha dignidade. Compra a sua?


                        O cruel/desumano caso do menino Matheus se repete no viver diário por todo Brasil. Em maio/2014 falta na grande Rio de Janeiro medicamento para a cura da tuberculose, acredita? Não temos saúde, educação, transporte de qualidade, porém, a Copa vem aí! Os e-gestores gastam o nosso dinheiro - milhões - em estádios, mas não utilizam nossos recursos na preservação dos direitos fundamentais que garantem as nossas VIDAS. Que estado é esse? Que brasileiros somos nós que dizemos AMÉM a tantas perversidades? Teremos coragem para gritar gooooooooooooooooool... num jogo de humanos-maioria CONTRA humanos-minoria, sendo árbitro um robô? Estamos todos loucos?


                        A síndrome da tecnologia também devastou o soberano que rege o Poder Judiciário brasileiro. O peticionamento judicial eletrônico (PJe) precedeu seu tempo de existir pelas audácias dos que se julgaram bem adiante da caneta.


                        Certo está o meu querido Rubem Alves ao escrever: "Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre. Somos pobres em idéias. Não sabemos pensar. Nisto nos parecemos com os dinossauros, que tinham excesso de massa muscular e cérebros de galinha." (obra: A alegria de ensinar)


                        Cômico, não fosse trágico, a maldita tecnologia insistir em andar na frente do homem! Explica-se com a existência, às pencas, do e-julgador, ou seja de MINISTROe. Para os que não estão familiarizados com o assunto, vale esclarecer que, em nome da tecnologia, no último dezembro, o Conselho Nacional de Justiça ordenou que todas as peças processuais teriam que ser enviadas eletronicamente. Entretanto, os vis e-julgadores não se preocuparam com a infraestrutura do sistema, absolutamente precário no Brasil. Assim, rasgando a Carta Cidadã, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência... baniram os advogados cegos, os idosos;  ignoraram - solenemente - os mais de 50% dos municípios desprovidos/incapacitados da necessária banda larga para o acesso ao PJe, e muito mais!


                        Verdadeiramente, os e-julgadores deram de ombros à sociedade; revogaram o Artigo 133 da sofrida Constituição Federal. Lembro do imortal Chico Anysio interpretando um de seus personagens, repetindo: "O POVO TEM QUE MORRER!" Mataram "Matheus"... morremos todos... Brasil, terra de alienígenas!


                        Estava a pensar se esses e-humanos conseguem dormir. Concluí: claro que sim! Dormem a moda deles, já que não têm coração e sim HD, de sorte que apenas desligam... religam... desligam... religam...


                        O próximo  outubro eleitoral vem aí e necessitamos mudar os nossos maus hábitos, em especial aquele de repetir que: NÃO TEMOS OPÇÃO! Há alternativa sim; que tal se estudássemos os currículos daqueles candidatos que a mídia sequer cita... se déssemos oportunidade aos novos... A esperança é a última que morre!


                        Nessa dura realidade, quem é o cego? Deficiente é o nosso Brasil! Quem ganhará esse jogo? Façam as suas apostas!



OBS: O certificado referido na crônica pode ser visto na página Deborah Prates Palestrante em:





DEBORAH PRATES

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fotos do V Minicurso em Recife

           Registro do  Minicurso de direitos Difusos (06/05/2014), no auditório Tobias Barreto (Universidade Federal de Pernambuco), onde Deborah Prates discursou sobre acessibilidade atitudinal.


Prof. Leonio Alves, Deborah Prates e Jimmy Prates 



Deborah Prates



Dra. Ana Paula de Barcellos, Prof. Leonio Alves, Dr. Roberto Wanderley Nogueira e Deborah Prates 



Dra. Ana Paula de Barcellos, Prof. Leonio Alves, Dra. Larissa Leal e Deborah Prates 



Jimmy Prates


domingo, 11 de maio de 2014

Comemoração Dia das Mães 2014

Comemoração Dia das Mães 2014

Lembrança da homenagem feita por minha filha no dia das mães/2014. Restaurante Aprazível, em Santa Teresa (RJ).
Veja em:


































Feliz dia dos filhos!

FELIZ DIA DOS FILHOS!



Descrição da foto: Deborah e Alice Mabel abraçadas no calcadão da praia do Arpoador, no Rio de Janeiro. De fundo, um céu completamente azul, um mar calmo e a praia cheia. 



         Pensei em nada escrever; afinal, hoje é meu dia e não vou me dar parabéns.


         Desci com Jimmy para o primeiro pipi lá pelas 5:30h... subi, limpei... tomei café e voltei para a cama... levantei e pus-me a escrever; vício bendito! Pensei, refleti, viajei.


         Voei nas asas da imaginação. Minha filha dormia... presente, passado e futuro... a alegria de ler o exame de sangue confirmando a gravidez e o pânico com a incerteza do futuro.


         Mergulhei nas ideias, fiquei em transe.


         Certamente este não era bem o planeta que eu gostaria para minha filha; mas será que eu dei tudo de mim para construir/edificar a nova força para somar na transformação tão necessária para um Brasil sem deficiência? Eis a questão e o mistério da fé.


         Claro que eu não contava em ser atropelada, no auge da profissão, pela cegueira em ambos os olhos... vida, caixinha de surpresa! Andamos, literalmente, no fio da navalha... equilibrando sempre, tensão absoluta, stress, frio na alma, incertezas...


         A deficiência tornou-se, não um problema, mas a nossa nova realidade num contexto rigorosamente inacessível. Pernas bambas, contudo a esperança jamais pereceu. Nos primeiros passos na nova realidade deparamo-nos com o assédio moral na escola, lúdica face da violência a que minha filha ficara exposta; dor inenarrável diante da cegueira da direção, que nada via por ser preconceituosa... um local que frequentávamos fazia dez anos, numa ilusão de que estávamos numa escola... aprendendo o quê? A formar maus seres humanos... iniciando a adolescência... absurdamente eu me sentia culpada...


         Viveiro/criadouro de MONSTROS é o nome genérico/técnico, ou seja, o princípio ativo de ESCOLAS e que deveria prevalecer sobre a marca comercial na embalagem, à frente das edificações. Daí é que no viver diário estamos sempre trombando com pais-monstros, filhos-monstros, professores-monstros, semelhantes-monstros, gestores-monstros... Somos o produto desse planetário viveiro de seres cruéis, desnaturados, horrendos, que semestralmente ganham um canudo, chamado diploma, em festas de formaturas, feitas nos locais que aprendemos a chamar de ESCOLAS/UNIVERSIDADES.


         Estamos, literalmente, como cachorros e /ou bichanos correndo atrás do rabo. Julgo que deveríamos pensar em criar um viveiro de PENSADORES, concordam? Vamos nos dar às mãos e agigantar a rede da solidariedade; aprender a viver como irmãos; mudar os nossos maus hábitos. ACESSIBILIDADE ATITUDINAL já!!!


         No DIA DAS MÃES - 11/5/2014 - sou eu quem tenho que render as minhas sinceras homenagens à minha filhota que, aos 12 anos, segurou comigo a inenarrável/imensurável porrada que a vida tinha guardada para nós. Como bêbadas, na corda bamba, fomos nos equilibrando... voando... tropeçando e vencendo... Atirei-me no espaço vazio, no breu absoluto com minha filhota amarrada em minhas asas... e ela aprendeu a voar em tempo antecipado.


         O ser humano tem uma inexplicável capacidade de recuperação; estamos em pé e caminhando... cantando firmemente, sem titubeios... com que facilidade esquecemos que nada é eterno, a não ser o próprio movimento. A felicidade existe e temos a obrigação de ir ao seu encontro, às duras penas.


         Troco, na certeza do acerto, o título de Dia das Mães por DIA DOS FILHOS, para dizer à minha filha: OBRIGADA por ter ficado ao meu lado e me ensinar a plenitude da vida; grata por ter me dado a oportunidade de reciclar meus ultrapassados conceitos e de destruir preconceitos... enxergar com os olhos do espírito.


FELIZ DIA DOS FILHOS!


         Vou agora acordar a minha filhota...


DEBORAH PRATES.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A viagem para Recife com Jimmy Prates

A viagem para Recife com Jimmy Prates    


    Divido com os amigos as fotos, gentilmente enviadas por Luiz Andrade, registrando Jimmy Prates voando Rio-Recife. Aproveito para externar os meus sinceros agradecimentos a esse ótimo companheiro de poltrona de avião.




Deborah e Luiz Andrade




















quinta-feira, 8 de maio de 2014

Recife

RECIFE



Descrição da foto para DV's: Prédio da faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco - em Recife (UFPE). Construção de 1912, em tom creme envelhecido, com uma escadaria com doze degraus (absolutamente inacessível para os deficientes físicos, bem como para os que possuem alguma limitação temporária) que dá para um bonito jardim na frente.


                        O verbete RECIFE também quer dizer: sólido, firme; caminho pavimentado. No entanto, no que tange as acessibilidades os caminhos da cidade de Recife não são pavimentados, nem firmes para o cidadão recifense ter assegurado o seu direito de ir e vir. Esse desalento não é exclusividade da capital de Pernambuco.


                        Vitor Simon e Fernando Martins, há 60 anos, registraram a falta de responsabilidade/gestão dos administradores na marchinha Vaga-lume e, no Carnaval de 1954, todo Brasil terminou cantando: "Rio de Janeiro, cidade que nos seduz. De dia falta água e de noite falta luz...",


                        Inacreditavelmente, depois de 60 anos, os cariocas conseguiram acabar/esculhambar a RJ elegendo governantes piores e piores... Em 2014, por incompetência das concessionárias e adjacentes, faltaram para os cariocas luz, água, segurança pública, saúde, transporte, educação de qualidade, ACESSIBILIDADES de todo genero...


                        Bem, mas o foco da hora é Recife, pelo que quero dividir com os amigos a deliciosa experiência que experimentei junto aos recifenses nos dias 5 e 6 de maio de 2014, quando fiz uma palestra na Universidade Federal de Pernambuco. Com muita honra integrei o V Minicurso - Tutela dos Interesses Difusos, realizado pelo Grupo de Pesquisa Tutela dos Interesses Difusos, da Faculdade de Direito do Recife a convite do coordenador - Dr. Leonio Alves.


                        Poxa vida, quantas lembranças recentes desfilaram em meu cérebro. Jamais poderei esquecer da INJUSTIÇA que o Ministro Joaquim Barbosa tentou perpetrar ao indeferir o meu pedido administrativo feito ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que objetivava garantir o meu direito, como pessoa cega, a continuar peticionando em papel até que os sites integrantes do Peticionamento Eletrônico (PJe) estivessem acessíveis, conforme as normas internacionais de acessibilidade para web (Consórcio W3C). No contraponto, jamais esquecerei que foi o povo recifense que mais me deu apoio incondicional, solidário, sem temor de represálias... juntos tivemos coragem porque vencemos o medo... somos militantes... fomos na velocidade da luz na busca desmedida do DIREITO E JUSTIÇA. Afinal, que tipo de advogados seríamos nós se não nos mobilizássemos na restauração do Artigo 133, da Constituição da República, que impõe ser o advogado  essencial à manutenção da democracia e muito mais nas linhas e entrelinhas. Em casa de ferreiro o espeto NÃO há que ser de pau!


                        O Prof. Leonio Alves abriu os trabalhos do dia 6, discorrendo sobre: acessibilidade e sua evolução nos contextos internacional e nacional; seguindo, o gigante juiz federal Dr. Roberto Wanderley Nogueira analisou: acessibilidade e cargos públicos no Brasil; e meu sangue ferveu de alegria quando a minha vez foi anunciada para palestrar sobre: acessibilidade atitudinal.


                        Aaaaaaaaaaaaaah, sempre ela! A chave/porta para a felicidade desse nosso Brasil, tão deficiente de tudo... do possível e do inimaginável. Auditório lotado de corações férteis para a semeadura da solidariedade. Difícil falar de matéria inexistente em qualquer curso, já que, por cegueira dos administradores de todas as esferas, ainda não fora implantado o estudo da SOLIDARIEDADE... do sentimento que nos faz humanos. Meus antecessores enfatizaram o Direito e a moral, na perspectiva do conjunto de regras impostas pela cultura do momento. Entretanto, voltei os holofotes para a JUSTIÇA E A ÉTICA, sob o panorama dos valores e princípios que moram dentro da alma. Não tenho dúvidas de que a ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma sociedade próspera.


                        Claro que ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos; e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.


                        Eis a questão/desafio! O Brasil precisa se especializar na arte de pensar. O mestre Rubem Alves, em sua obra: A alegria de ensinar, escreve: "Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre. Somos pobres em idéias. Não sabemos pensar. Nisto nos parecemos com os dinossauros, que tinham excesso de massa muscular e cérebros de galinha." Lamentavelmente, como bate e rebate o querido Prof. Padilla, estamos submersos na cultura da superficialidade. Eu prefiro dizer que nos enterramos na cultura das obsolescências programada e intuitiva, na qual o ter se sobrepôs ao ser e valemos pelo que ostentamos... somos escravos dos verbos: trabalhar, ver e comprar...


                        Faz 200 anos que o capitalismo selvagem nos assola. Queremos mais dinheiro, mas para quê? Gestores e coletividade são influenciados pelo poder de persuasão da ganância empresarial, cujo lema é comprar, comprar e comprar... a minha dignidade não está à venda... nem a sua! Quando despertaremos? Quando receberemos um beijo de amor para esquecermos de ser sapos e retornarmos à condição humana? Minha esperança não pereceu, pelo que sei que exercitaremos os nossos neurônios em busca do despertar da solidariedade. Está escrito/imposto na Carta Cidadã que tem o Estado o dever de propiciar aos humanos - brasileiros ou não - o bem-estar rumo à felicidade plena... só no papel/virtual.



                        Sinto que atingi o meu objetivo ante a reação dos amigos recifenses. Sabem quanto custou o ingresso para participar do evento? Tão-só dois quilos de alimentos não perecíveis! Saímos todos com as almas alimentadas... solidariedade, amor, fraternidade...


               A mestra Larissa Leal fechou o minicurso discorrendo sobre: acessibilidade e tutela consumerista. Ao término muitos abraços... matéria com matéria... energia sobrando e arrepiando... e o horário do voo chegando... a correria instalada... adrenalina e pé na estrada. No aeroporto check in demorado, pipi do Jimmy, fome... tapioca, cuscuz amarelo, bolo de rolo... barriga vazia e coração arrebentando de saciedade/satisfação... declínio da balança... maravilha!


                        No avião meus pés não tiveram alívio com o peso de Jimmy Prates sobre eles; e a amiga ATITUDINAL continuou rolando com a tripulação, clientes e com Deus nas alturas. Refletia com o gentil Júlio que estava na cadeira ao lado sobre o pensamento de Cecília Meireles com o qual fechei a minha fala: "Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo, um ponto de partida para um novo avançar."


                        Voando nas asas do pensamento e do avião energizava para que os avanços fossem bem maiores do que os recuos; sonhando com a cabeça nas nuvens... humanos e universo e vice-versa... partículas, massa... obrigada Recife! A humanidade há que se lembrar que deriva do humano.



DEBORAH PRATES.