terça-feira, 24 de abril de 2012

Pessoa cega - dia do cão-guia


"JIMMY PRATES" 25/ABRIL/2012 -
DIA INTERNACIONAL DO CÃO-GUIA





Descrição da foto para deficientes visuais: No centro a imagem de Jimmy Prates sentado. Presta atenção em algo à esquerda. Segura na boca sua amada bolinha colorida e no pescoço tem uma coleira com seus leds vermelhos acesos. Atrás um sofá preto com uma almofada cinza claro, e ao lado direito, aparece um barco preto sobre um aquário.



        Dia de "JIMMY PRATES"! Claro que dia disso ou daquilo tem somente a conotação de enfatizar/destacar fatos relevantes. Em minha vida dia do cão-guia são os 365 de cada ano. Jimmy está comigo 24 horas!



        Para sensibilizar e informar a coletividade/sociedade sobre as benesses do cão-guia é que vale a recapitulação do nosso fantástico encontro.



        Ceguei num final de janeiro e as aulas da minha filhota recomeçariam em meados de fevereiro, pelo que a minha adaptação teve que ser IMEDIATA.



        Tempo para choro e depressão? NÃO tive. Muito a fazer em tão pouco tempo! Reclamar/blasfemar, de nada adiantaria. Fui buscar aula de mobilidade/bengala no IBC, mas, como de se esperar em atividades governamentais, NÃO havia mais vaga no próximo curso. Daí foi que, às duras penas, consegui que um professor do próprio IBC, em suas horas de folga, viesse a minha casa para ministrar aulas. Não foram mais do que seis, já que as condições financeiras também não permitiram além.



        Senti muito a perda do espaço aéreo! Daí foi que não me dei bem com a bengala. Era tão cega quanto eu! Começava num lado e, quando percebia, já estava do outro. Passei a andar como peixe, na diagonal da vida! Berê não se deu com a minha personalidade.



        Decidi por um olho quadrúpede. Fui à luta! Na época o Integra não teria condições de atender a demanda e não perdi tempo. Procurei uma pessoa usuária de cão-guia para algumas dicas, contudo, não consegui muita coisa, já que era extremamente ocupada e não pôde me dar atenção.



        Minha filhota, pela Internet, conseguiu os dados da fundação de onde trouxe Jimmy Prates. Uma amiga e professora de inglês também é coresponsável por essa conquista. Sou adepta da física quântica, pelo que soube querer Jimmy. Na decolagem tive a certeza de que, no voo de volta, traria a totalidade da busca.



        Jimmy Prates é um labrador amarelo claro, macho e está com seis anos. Tem o tempo da minha cegueira! Nasceu para mim! Fui para América sem falar um bom inglês.



        O universo conspirava a meu favor. O pessoal da fundação "novaiorquina" andava comigo com dicionários de espanhol, português/ Portugal e sempre sorrindo!



        Obstáculos, empecilhos? Nenhum! A energia POSITIVA era total. Deu tudo certo e sou extremamente AGRADECIDA- POR TODA A ETERNIDADE - ao Povo americano. Os USA me deram o que o meu País não teve para seu cidadão! A recepção fora maravilhosa. Só tenho elogios e gratidão aos americanos.



        A vida prossegue num ritmo acelerado, já que o tempo é implacável. É questão de sobrevivência andarmos no compasso das horas!



        Digo que NÃO foi difícil conseguir Jimmy Prates. A perseverança é uma das minhas características. Foi minucioso o procedimento burocrático exigido. Só foi respirar fundo e cumprir metas. Jimmy no Brasil é a resposta para quem tenha alguma dúvida quanto a expressão: "QUERER É PODER". Claro é que necessitamos SABER querer!



        Pós Jimmy a qualidade de vida da Família melhorou sensivelmente. O curso de treinamento na América foi hiper maravilhoso e deu-me a segurança suficiente para evoluir e dominar as situações. Somos uma dupla do barulho!



        A dupla continua em formação. Isso porque cada dia é diferente do outro, valendo afirmar que as circunstâncias se apresentam inusitadamente.



        O BOM SENSO há que prevalecer sempre!  A aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida é o "X" do sucesso. Desesperar jamais!



        Tenho algumas boas histórias com Jimmy, que, noutra oportunidade, contarei. Bem legais! Amo Jimmy Prates prá valer, de montão e à beça! Juntos damos boas gargalhadas! Exercito os músculos da face, o que retarda o envelhecimento, além de melhorar a forma do coração! Dou a maior força aos interessados. Agora, como tudo na vida, hão que ser analisados, caso a caso, se o guia seria a melhor solução.



        A opção há que ser SUSTENTÁVEL e RESPONSÁVEL. Gostar de cachorro é pouco para buscar um guia. É mister AMAR cão para essa iniciativa! Cuida-se de um ser vivo que, como nós, está sujeito a chuvas e trovoadas. Num dia estamos melhor, com a corda toda! Noutro, já não estamos tão simpáticos. Um cão precisa de cuidados permanentes. Uma bengala, ao entrarmos em casa, só precisa ser pendurada atrás da porta! Jimmy, em todas as entradas, já para na área de serviço para uma boa limpeza. A bengala não precisa de ir ao veterinário nem de vacinas. O guia precisa de atenção constante. Então, se não se tem paciência com muito amor essa seria a opção mais irresponsável possível na vida de um cego.



        Esse é um bom espaço para eu dar notícia aos amigos que, ao contrário do que muitos imaginam, o guia não sofre maus tratos pelo fato de ser um CÃO TRABALHADOR. Bem longe desse pensamento! Jimmy, por exemplo, tem a vida dele independente da minha no tempo em que é um cachorro. Como assim? Jimmy tem o seu tempo para correr atrás de sua bolinha amada, de modo que se exercita diariamente SEM ser guia. Além do que faz natação numa piscina de treinamento para cães da Polícia Militar no RJ e, em casa, tem a vida de um cão "pet". Sua alimentação é hiper saudável, sua pelagem divinamente bem cuidada, etc.. E para completar a sua vidinha - mais ou menos maravilhosa - ainda tem a vida social/de trabalho, indo a todos os cantos do Planeta, como muitos de nós não pode desfrutar. Isso é que é VIDA DE CÃO! O resto é conversa!



        Quais as vantagens de me locomover com o cão ao invés de usar a bengala? Muitas! Sem comparação. Como disse acima, a bengala é tão cega quanto eu! Indubitavelmente um olho quadrúpede é bem melhor. Além da facilidade com a locomoção, já que confiamos um no outro, Jimmy é, na maioria das vezes, um ponto de convergência entre o cego e a coletividade. Por ilustração, no Metrô é sempre uma FESTA! Quando saímos os que ficam estão no maior bate-papo, e nós nos despedimos rindo e dando cartões. A cada dia novas amizades e inteiração com as pessoas.



        Diariamente e com o maior carinho, chego junto a coletividade para noticiar como chegar ao cão-guia quando ele estiver na condução de seu usuário. São observações de puro tino. Comparo o guia com a vida de um motorista. Não devemos distrair o motorista quando estiver na direção do veículo por enfoque óbvio. Mas, como os hábitos dos seres humanos estão comprometidos desde muito, é que continuamos a ver transgressões no trânsito como, por ilustração, motoristas que falam no celular, comem quando estão dirigindo e o fazem - comumente - embriagados, de sorte a comprometer a vida de seus semelhantes. Nesse diapasão é que também percebo pessoas a ofertarem comida ao Jimmy, bem como insistem em chamá-lo enquanto caminhamos em total desrespeito ao cego. Por que desrespeito? ora, assim como ocorre com os motoristas, uma distração do guia pode acarretar um ACIDENTE ao usuário, como cair num buraco, bater com o rosto num obstáculo qualquer, etc.. Viram como não é difícil saber como se comportar diante de uma dupla de cego e cão-guia?! Basta ter uma generosa dose de PERSPICÁCIA e tudo resolvido!



        Se o leitor é um "cachorrento contumaz" e não consegue passar por um guia sem falar-lhe, é só pedir para que o cego pare para uma ligeira apresentação. Em regra os usuários são bem receptivos e até gostam de interatuar com a coletividade. Particularmente amo quando me perguntam sobre Jimmy!



        Percebo que o mundo não está de todo perdido. Falta mesmo é a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL como carro chefe! Precisamos mudar hábitos arraigados ao longo da civilização. Processo lento, pelo que imperativo se faz a insistência. Só depende de nós a conquista de um Planeta com maior bem-estar para todos! O grande lance é arregaçarmos às mangas e partirmos para a luta! Precisamos de mais responsabilidade nas urnas nos outubros eleitorais!



        Temos que aprender a cobrar/exigir nossos DIREITOS!



        Brasileiros gostam muito de discutir a vida nas filas. Ah! O próximo da frente e de trás são os muros das lamentações. Nas mesas dos bares a situação se repete. Dizemos: GARÇOM MAIS UM CHOPE! E vamos desfiando os problemas e as soluções. Depois de jogar muita conversa fora vem a frase final: GARÇOM, A SAIDEIRA E A CONTA! E vamos para as nossas casas distribuindo culpas a granel pelas tempestades a que somos sujeitos no dia-a-dia!



        Julgo que somos os CULPADOS por tudo  - CULTURALMENTE FALANDO - de MAL que nos acontece. Por isso é que repito que mudar hábitos é processo lento.



        A mídia, em muito, tem nos ajudado na questão de levar a sociedade as informações sobre o cão-guia. Porém, tal iniciativa, sem dúvida, deveria ser dos Governos! Mas, fica a pergunta: INTERESSAM E/OU QUEREM OS GOVERNANTES EDUCAR/INFORMAR A COLETIVIDADE? E NÓS, VAMOS NOS CALAR ETERNAMENTE?

        Numa situação já fui cruelmente DISCRIMINADA pela maior autoridade do Poder Judiciário do RJ, quando tentei entrar no foro central - local já frequentado fazia dois anos - com Jimmy Prates. O então desembargador presidente ordenou que os seguranças separasse a dupla! Até hoje tramita uma ação em que sou autora em face do Estado do RJ. Inacreditável, né? Pois é, coisas do SER HUMANO que se entende mais IGUAL do que os demais! Acima da lei e por aí afora para todo tipo de mau gosto! E a rotina continua.



        No contraponto se faz imperativo respeitarmos os IGUAIS que detestam cachorros. É um direito! Contudo, para esses é que deixo uma singela sugestão: ULTRAPASSE A FIGURA DO GUIA PARA ATINGIR NO SER HUMANO A QUEM ELE TANTO AJUDA. Somos um só! Jimmy é meu olho e eu o seu cérebro. Seja solidário! O guia não incomoda. Foi treinado para não transtornar quem quer que seja!



        Em mais essa data de conscientização dos direitos da pessoa com deficiência é que deixo aos amigos leitores um pensamento de Ghandi:



        "A grandeza de uma nação e o seu progresso moral, podem ser avaliados pela forma como tratam os seus animais".



Carinhosamente.



DEBORAH PRATES (cachogente) + JIMMY PRATES (pessocão)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Humanização nos Hospitais




HUMANIZAÇÃO NOS HOSPITAIS
ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ!




Descrição da imagem para deficientes visuais: Acima, a imagem de um homem desenhado dentro de um círculo, com os braços e pernas estendidos e tocando este círculo, em suas proporções consideradas ideais. À frente desta imagem, uma série de pessoas em sua diversidade (idoso, criança, cadeirante, obeso, cego, amputado), tentando ser encaixadas dentro deste padrão de normalidade (ou perfeição).



        Rodamos e voltamos ao mesmo ponto inicial, qual seja a necessidade da implementação da ACESSIBILIDADE ATITUDINAL! Agora falo da HUMANIZAÇÃO NOS HOSPITAIS. Inacreditável constatar que no ambiente onde são tratados SERES HUMANOS os profissionais não estejam preparados para o trato com as pessoas com deficiência!



        Num bate-papo com amigos deficientes ouvi relatos inacreditáveis. Ginecologistas que não atenderam mulheres cadeirantes por não saberem como as colocar nos equipamentos para exames, dermatologistas que não tiveram habilidade para ajudar deficientes físicos a se posicionarem em macas e médicos em geral que não têm a menor habilidade para o trato com pessoas cegas e surdas dirigindo-se aos seus acompanhantes por considerá-las incapazes, etc...


        O foco é a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL. Transformar práticas/hábitos no SISTEMA DE SAÚDE exige mudanças no processo de construção dos sujeitos/profissionais dessas rotinas. Somente com a conscientização e sensibilização dos trabalhadores e usuários (protagonistas e co-responsáveis) é que será possível mudar costumes arraigados desde o início da civilização.


        Pessoas com deficiência, em tempos remotos, já foram consideradas impuras, pelo que atiradas contra paredões por não terem direito a vida. Posteriormente foram largadas pelas escadarias das Igrejas a espera de esmolas para sobreviver. Mais tarde tidas como loucas. Num passado recente, abandonadas nas rodas dos enjeitados na esperança de que girassem para dentro de algum convento. E no Século XXI, percebe-se pouca evolução comportamental.


        Pensar a saúde como experiência de criação de si e de modos de viver é tomar a vida em seu movimento de produção de normas e não de assujeitamento a elas.


        Humanização é, para essa ideia, forma de respeito à VIDA e, consequentemente, a dignidade humana, de modo a dar ao próximo tratamento adequado/apropriado conforme as diversidades apresentadas.


        Indubitavelmente estamos engessados/ enlatados pela fôrma da indústria da moda. Perdemos a vontade e, via de consequência a ESPERANÇA!


        A preguiça de pensar é tão flagrante que admitimos que até as gigantescas redes de comidas rápidas decidam o que comeremos. É assim, ficamos diante do painel e optamos pelo cardápio de número 1, 2, ou 3.


        Num Brasil de "FOME" mães entendem hiper engraçadinho seus filhotes fazerem guerra de batatas fritas nas festinhas "FAST". Falam as mães: - Que espertos nossos filhos atirando as batatas uns nos outros! Ao lado a vovó diz: - Ah! Meu netinho é mais inteligente, já que joga o saco inteiro nos outros!


        HORRÍVEL! Precisamos valorizar a Família para a restauração de PERSONALIDADES ÉTICAS.


        Inadmissível que num País onde a comida não chega democraticamente nos pratos, responsáveis possam incentivar o desperdício de alimentos. Pesquisas mostram que a cada 3 minutos um ser humano MORRE de fome no Planeta!


O humano haverá de ser retirado de uma posição padrão, abstrata e distante das realidades concretas para ser visto em sua singularidade e complexidade. Imperativo que respeitemos/aceitemos as DIVERSIDADES tais como se apresentam no dia-a-dia. Temos que amar o próximo como é e não como a "CULTURA DA SUPERFICIALIDADE" imponha que deva ser.


        Então, queridos amigos vamos nos UNIR e exigir dos governantes que invistam - maciçamente - em campanhas objetivando a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL! Só depende de nós um Planeta melhor! Carinhosamente.



DEBORAH PRATES

domingo, 15 de abril de 2012

Acessibilidade Atitudinal Já 2 !!!

Queridos amigos, peço ajuda na formação do MUTIRÃO DA ACESSIBILIDADE ATITUDINAL para que no próximo outubro eleitoral tenhamos força para sair do caos social que estamos submersos. Vejam o vídeo abaixo:

Prosseguindo o iniciado no primeiro vídeo, esse segundo trabalho tem por fim mostrar que o bem-estar do ser humano é questão de ESTADO e não de gestão. Uma cidade acessível é para todos, não apenas para pessoas com deficiência. Lamentável que quem esteja no poder (na bola da vez) confunda a causa humanitária com PARTIDÁRIA. Noosos gestores têm mesmo alma pequena e zero de sensibilidade. Vamos nos unir nesse próximo outubro 2012? Carinhosamente Deborah Prates.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Páscoa e acessibilidade atitudinal!


FELIZ PÁSCOA PARA TODOS!





  Descrição da imagem: Dentro de um vaso marrom, encontra-se um coelho cor creme. Em volta do vaso estão várias plantas com flores rosa, amarela e branca.



                   Tendo a Páscoa o sentido de renascimento é que selecionei o texto abaixo com o objetivo de mostrar aos queridos amigos que precisamos mesmo é de MUDANÇA DE HÁBITOS. Volto, então, a insistir na tecla



ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ!

"A arte de resolver conflitos


                   O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.


                   Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô.


                   O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.


                   Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.


                   Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo.


                   Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.



                   O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.


                   O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou.



                   O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.



                   Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô" é a arte da reconciliação.


                   Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo.


                   Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.


                   Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.



                   O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.

                   Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!


                   O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo.


                   Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.


                   Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.


                   Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!


                   O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.


                   Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...


                   Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.


                   Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.


                   O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você?


                   O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.


                   Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta!


                   Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro.


                   Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.


                   Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui...


                   São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.


                   Não, falou o operário. Minha esposa morreu.


                   Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.


                   Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.


                   Lágrimas escorriam pelo seu rosto. E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.


                   O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.


                   Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos."

                   Obviamente extraindo-se os exageros e guardando-se as proporções do texto com o nosso cotidiano, temos que reconhecer que amanhecemos ATACANDO uns aos outros!

                   Lembro-me de uma manhã quando caminhava com Jimmy Prates pela calçada fomos abruptamente abalroados por um homenzarrão que gritou:

                   - Tá cega? Não tá me vendo não?


                   Balançando para trás e para frente, tentando manter o equilíbio respondi:

                   - Sou cega!


                   Veio, felizmente, o pedido de desculpas com algumas vozes de reprovação ao homem. A vida prosseguiu e eu decidi, desse dia para cá, usar a fantasia de cego. Adquiri uma coleção de óculos escuros. Se coincidência, não tive mais problemas!

                   Então, é que convido-os a meditar sobre as experiências relatadas para ponderar se não passamos da hora de MUDAR NOSSOS HÁBITOS. Precisamos sempre de uma desculpa/ocasião para um recomeço. Então, vamos aproveitar o ensejo da Páscoa para renascermos para um mundo melhor e mais acessível para todos.



ACESSIBILIDADE ATITUDINAL JÁ!



Carinhosamente.



DEBORAH PRATES + JIMMY PRATES

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Respeito a autista e familiares

Queridos amigos, hoje estamos de mãos dadas com os Autistas e familiares. A união faz a força e toda diferença. Juntos somos fortes. Reflitam sobre a foto abaixo e , se concordarem com a imagem, por favor ajude a semar boas sementes. Carinhosamente Deborah Prates



Descrição da foto para deficientes visuais: Mãos de Deborah Prates com unhas azuis - tom do céu -... segurando um pequeno cartaz apoiado numa almofada cinza. O cartaz tem no fundo um ramo verde com flores azuis, estando abaixo uma almofadinha em formato de coração vermelho, onde, manualmente, Deborah Prates escreveu: "Sociedade! Respeite, entenda e ame a pessoa com autismo. Acessibilidade Atitudinal Já!". Acima do ramo está 02/04/2012 e em volta do coração está gravado Deborah Prates em vários nuances de azul.