terça-feira, 8 de novembro de 2011

"SENHORA SOCIEDADE"!



Descrição da imagem - Ilustração de um quadrinho. Desenho colorido. Num campo aberto e verde com céu azul claro, sem nuvens, um homem calvo com poucos cabelos pretos na parte posterior da cabeça, de óculos, narigudo, usando jaleco branco, calça comprida azul escura e sapatos brancos, apóia a mão direita sobre uma mesa azul, curvando-se para frente, aponta com a mão esquerda na direção da única grande árvore, distanciada e atrás de um grupo de animais alinhados em frente a ele. Observam a ordem do homem atentamente, um gato pardo, um elefante bege, uma foca azul escuro, um pequeno peixe azul claro dentro de um aquário sobre um pedestal branco, um macaco grande marrom, um galo amarelo e um sapinho verde. No balão branco acima da cabeça do homem, está escrita sua fala em letras pretas: “Para garantir uma seleção justa, vocês farão o mesmo teste: subir naquela árvore”. As sombras dos animais e da mesa estão refletidas à esquerda sobre o gramado verde.

"SENHORA SOCIEDADE"!

 Estávamos no final de um encontro para treinamento da 2ª turma do "pessoal" da OAB/RJ, sendo o propósito informar aqueles amigos o básico sobre o seguimento das deficiências, de maneira que o atendimento desse público fosse humanizado. Tempo esgotado. Mas a boa vontade dos trabalhadores era de tal ordem que a inteiração continuava a todo vapor. Muitas histórias sendo reveladas, com tantos PREconceitos modificados para melhor. Veio uma observação em voz feminina:

 - Fui ver alguns apartamentos para alugar e, nesse bate-papo, amadureci sobre o que encontrei. Estou me lembrando que, dentre todos na região, apenas um estava com rampas e elevadores para cadeirantes! Tem que ter uma lei para isso!

Num flash interatuei com os demais palestrantes:

- Lei existe! Aliás, não só uma, mas algumas. A questão a ser enfrentada é o CUMPRIMENTO da legislação que, por sinal, é bem boa!

- E porque não é cumprida a lei?

- Pois é! Eis a questão. Penso que as leis no Brasil não sejam cumpridas em virtude da sanção/punição nelas contidas serem tão ínfimas, mas tão insignificantes, que vale a pena arriscar as suas desobediências. Lamentavelmente a nossa cultura é a da superficialidade! Também há que ser considerada a falta da fiscalização das diversas autoridades encarregadas! Cada qual dá a sua razão. Porém, fato é que muito pouco é cumprido.

E foi uma calorosa discussão benéfica e conscientizadora. fomos crescendo com a inteiração. Expus minha proposta que surgiu de imediato e sem tantas reflexões:

- Essa sua observação me trouxe uma sugestão. Está nascendo um projeto! Acompanhem comigo. O próprio Governo, através da mídia, em épocas de escassez de determinados alimentos incentiva a população que NÃO os compre. Que sejam substituídos por seus similares. Se o feijão está "caro", sugerem que compremos lentilha e assim por diante. Nesse caminho podemos pressionar os empresários a cumprirem a legislação sobre ACESSIBILIDADE! Ah! E também os síndicos e administradores do patrimônio comum! Penso que, na verdade, somos os principais culpados por todo esse caos que vivemos. Sim! Todos os que "mandam por aí" não estão em seus cargos/postos por acaso! Não. Nós os colocamos através das urnas! Precisamos prestar mais atenção no nosso voto. Com essa responsabilidade, certamente, reclamaremos bem menos. Se os mandatários agirem contrário aos nossos interesses, basta que não os reelejamos!

Um pequeno silêncio seguido de global concordância. Esses encontros são fantásticos! Sem dúvida é o diálogo o melhor caminho para a solução dos conflitos. As pessoas com deficiência, em tese, não chegam até a sociedade por "n" razões. Como significamos a voz da "minoria" é que a da "maioria" nos abafa. Nessa nova estrada tenho notado que os deficientes, em boa parte, preferem não falar em suas deficiências, o que nos faz PERDER demasiadamente com isso!

Necessitamos ter forças para semear a CULTURA DA COOPERAÇÃO. Para o sucesso de todos temos que agigantar a REDE DA SOLIDARIEDADE. A mídia, em geral, tem nos ajudado bastante. Contudo, percebo que não querem fazer mais por entenderem que existem assuntos mais interessantes que trarão mais audiência! É a maldita cultura da superficialidade dita pelo grande Prof. Padilla.

No RJ, por exemplo, existe a AGENDA SOCIAL de gestão passada que, se cumprida, estaríamos em condições razoáveis. A questão é que todos querem ser o "PAI DO INVENTO"! Parlamentares e gestores sempre querem ter seus nomes nos diplomas legais, pelo que preferem deixar hibernando bons projetos em tantas gavetas, ao invés de dar-lhes prosseguimento. Falo da guerra da VAIDADE! E os tolos dos eleitores ainda aplaudem ao saber de edições novas de velhos projetos! Para que tentar reinventar a roda? Basta movimentá-la! Não acham? "ME ENGANA QUE EU GOSTO"!

Aprimorando as ideias acima é que estou - agora - convidando a sociedade a abraçar esse novo PROJETO de nome: "ACESSIBILIDADE JÁ"!

Seu objeto? Simples! Tudo quanto nos for apresentado SEM os legais parâmetros de ACESSIBILIDADE não será aceito. Como? Usando o método da BOICOTAGEM. Oportuno lembrar que o empresário Charles Cunningham, proprietário de terras irlandês, (1832/1897) por se ter recusado a baixar aluguéis, sofreu sanções - boycott - o que lhe rendeu sérios danos. Como a história se repete é que a sociedade - em seu papel FISCALIZADOR -  poderia tornar a ACESSIBILIDADE UMA REALIDADE.

Que tal o homem deixar de usar o "modelito" egoísta? E para os humanos que não conseguirem, que pensem em seu futuro! Sim. Basta consultarmos as últimas pesquisas para constatarmos que a população idosa está aumentando pela melhor qualidade de vida. Logo, os mais jovens de hoje serão os idosos do futuro próximo, pelo que precisarão da cidade ACESSÍVEL.

Além do mais, há que se ressaltar que a violência urbana também leva a deficiência. Não faz muito que um garçom, num bar perto de minha casa, foi vítima de bala perdida e, ao cair com sua bandeja coberta de copos de chope, estava tetraplégico. O futuro é uma caixinha de surpresas!

Equivoca-se, pois, quem imagina que a - tão sonhada - acessibilidade somente beneficia as pessoas com deficiência. Absolutamente! É preciso desfazer esse errado pensamento. Uma cidade acessível beneficia a TODOS.

Você, pessoa SEM deficiência que me lê, já se imaginou, por exemplo, chegando em casa coberto de sacolas de supermercado? Saindo do elevador empurrando com os pés algumas sacas rumo a porta de seu apartamento? E o sufoco para o encontro das chaves? E para acessar a maçaneta sem as mãos? Maravilha se, para fazer funcionar os trincos das portas, houvesse - tão-só - um botão! Já imaginaram a facilidade?

Falo, agora, do desenho universal. Aquele que agasalha o inimaginável para atender a todas as pessoas - com e sem deficiência - de maneira a solucionar as mais simples necessidades. Esse botão, por ilustração, atenderia aos idosos, os deficientes intelectuais, aos que possuem distúrbios comportamentais, etc...

Mas, voltando aos apartamentos. Sugiro que não aluguemos, nem compremos quaisquer unidades (residenciais e/ou comerciais) desprovidas de recursos de ACESSIBILIDADE. Ora, se os Srs. Empresários (engenheiros, arquitetos, administradores, e outros) permanecerem com suas unidades fechadas/vazias por conta do descumprimento da legislação que ampara a ACESSIBILIDADE, sem sombra de dúvidas, tratarão de fazer construções novas, bem como adaptar as já existentes,  cercando-as de meios específicos para que TODOS (mas todos mesmo) possam entrar, transitar e sair com IGUALDADE DE OPORTUNIDADES.

Fácil, ? Vejam que não falamos em campanhas que exijam disponibilidade de recursos financeiros! Digo, apenas, de boa vontade, solidariedade, e de ter um pé no presente e outro no futuro perto! Refiro-me a pequenas atitudes que, se abraçada por todos (sociedade) farão a grande diferença para um Planeta com maior bem-estar para todos. 

Ah! Você reside ou trabalha num condomínio? Então, na primeira oportunidade - AGO ou AGE - sugira em aplicar recursos em ACESSIBILIDADE. Não quer pagar cotas extras? Não tem nada com isso? Sei. Mas, essa obra servirá para seu benefício! Já se imaginou idoso precisando transitar em seu prédio e não podendo por não ter rampa, elevadror? Lembre-se. O FUTURO A DEUS PERTENCE!

 "ACESSIBILIDADE JÁ"!

Carinhosamente.

DEBORAH PRATES